Coronavírus, o ator principal

Esqueci que sou bióloga há muito tempo, mas fiquei com vontade de escrever sobre o Corona vírus. Não bombardear vocês de informações, porque acho que já estão bem informadas demais (ou mal). Mas não cabe a mim, simples escritora de textos de qualidade até duvidável, escrever sobre a Covid-19, a doença provocada pelo Coronavírus. Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19) https://coronavirus.saude.gov.br/ acesso dia 01/04/2020. Não sou medica, nem virologista; nem epidemiologista. Não sou expert;a prendi que vírus era um ser vivo e até aí, já é questionável. Quero escrever, sobre as ruas escuras e solitárias, sua bocarra devorando os estabelecimentos, escritórios fechados, a própria ignorância do mundo , a insensatez da solidão de uma noite escura. Quero escrever sobre mãos que não se tocam e mesmo assim podem selar tratados de paz. Quero escrever sobre lábios que não tocam o rosto, mas incendeiam as almas de amor e solidariedade. Quero escrever sobre as coisas que tínhamos e  a que não demos valor. O vírus , aquele ser insignificante, nem considerado ser vivo por alguns, fechou as mãos e rejeitou o beijo traído, com a desculpa que nos tornaria doentes num  mundo tão cheio de esgotos de nossos caprichos. Daí, a grande lição que tiramos: – o que vale estar saudável num mundo doente ? Um simples vírus fez senhores  de engenhos ajoelharem-se , prostrarem-se perante sua divindade. E você que acredita em ficção científica; a aventura só está começando, ainda temos que ultrapassar o ápice da curva que traçaram para a humanidade se tornar imune. Com todas essas composições lúgubres ou doces, a evolução da vida vai indo…. Aleatória.   Falando como cientista Não se trata de estatísticas  ou da gravidade da doença , é sobre a velocidade de infecção do vírus, a superlotação de nossos hospitais, achatamento de curvas e tudo mais que você ouviu, é importante. Saiba porém, que no fundo  é sobre a decisão de quem vai ocupar o leito da UTI e quem vai morrer, cruel demais para um ser humano decidir. Faça que essa decisão não tenha que ser tomada   # Fique em casa e lave as mãos  

Carnaval

Eu, pessoalmente, não gosto de carnaval, mas li duas matérias que me inspiraram a escrever sobre esse tema. Uma abordava sobre a utilização do espaço público : é uma boa oportunidade para utilizá-lo . As brincadeiras necessitam da rua, do nosso espaço publico e da convivência entre as pessoas. A segunda falava sobre o ponto de vista da convivência com diferenças. Diferentes somos nós todos e ainda bem. Aposto na diversidade, biologicamente falando e moralmente também . Diferença é bom, porém causa estranheza; como não somos homens da caverna e  nosso córtex pré frontal está desenvolvido e moralmente construímos uma historia social.  Sim podemos conviver com a diversidade, com a diferença. Livre arbítrio  todos temos , garantido pela constituição ,  mas nossa liberdade está condicionada por conseqüências.  Você pode fazer o que quiser, mas assuma as conseqüências. Esse jogo é que nos faz mais humanos. Você faz o que quiser, mas tudo tem conseqüência. Cobro a ausência de respeito ao espaço público, não somente no carnaval; o respeito pelo bem publico  deve acontecer todos os dias, em todas as situações. Aquilo não é meu nem seu, é nosso; por ser nosso cada um deve zelar por ele da melhor maneira. Vou comentar sobre limpeza de banheiros públicos, alias, não vou comentar. O que falta à sociedade é a noção de pertencimento, e o que mais dói no coração e , parece que você esqueceu disso; é uma ovelha desgarrada . O dilema é que só juntos seremos fortes e poderemos brincar  o carnaval. Prometa antes zelar pelo que é nosso: a rua, o respeito, o bem publico e o banheiro.

Meio Termo

Posso ser considerada reacionária mas é apenas uma reflexão. Eu tive uma educação conteudista, cheia de leituras e memorização. Confesso, há  um monte de conteúdos que não usei e nem usarei. Mas não consigo, pensar como pessoa, sem eles. Não é por isso que defendo uma educação só conteudista. Sou fruto de uma faculdade que me ensinou que a educação deve ser interativa e investigativa, que faça sentido pessoal e social. Acho que devemos ser ” nem tanto ao mar nem tanto á terra”; como podemos investigar , se não houver conteúdo para investigar. Como assim? Investigar é relacionar, comparar analisar. Mas o que? Qual o objeto do pensamento? Onde está a informação? Aí, se contextualiza o conteúdo. Precisamos de tendências para  dar significado ao aprender. Se não tivesse decorado os metais alcalinos e alcalinos terrosos, não conseguiria situar o sódio e o magnésio em suas características e funções; ou se não tivesse lido e resumido  Dom  Casmurro, como saberia dos olhos de ressaca de Capitu? Como poderia saber que tenho duvidas comuns, aos antigos filósofos Sócrates e Aristóteles ? Como saber o que é sofisma? Como fazer contas de cabeça? Sem decorar a tabuada? Eu sei que  o celular, computador faz , esclarece tudo isso; numa velocidade muito maior que você faz ou acessa a informação. Mas você nem cogita, ficar um dia sem acesso ao virtual? Sem energia elétrica para ligar aparelhos e carregar baterias. Se você estiver sem isso, você para? Sua vida estaciona? Se pecamos pelo conteudismo também pecamos pelo excesso de ideias sem conteúdo, análises superficiais e banais. Como fazer uma escola que saiba o que ensinar? O mundo com a inteligência artificial e novas relações de trabalho requer novas competências; saber trabalhar em grupo e resolver problemas conjuntamente, lidar com tecnologias e um novo mercado de trabalho. As polarizações são o erro da nossa época. Quase sem querer fazemos isso. É o compartilhamento de nossa condição humana, mas não se engane somos fruto da nossa escolha.   “A cultura não evita que a gente tome as piores decisões. A cultura apenas garante que, seja qual for a escolha, ela será intensa, parte de uma vida levada a sério.”   .  “Lá Meglio Giovaentú.” Contardo Calligaris – 06/02/2020

Mau humor

Infelizmente ou felizmente, não sei  bem, tenho que ser meio repetitiva. Meu cérebro diz que eu preciso explorar mais esse assunto.. Peço perdão aos meus leitores que se cansam com minhas palavras. O assunto é sobre nossas deficiências , quebradinhos ou não. A gente acorda e sua lembrança está lá. Não conseguimos fugir dela; parece até que é eterna. Você vai dormir também com ela. Ela sempre o (a) acompanha. O melhor é “ bater um bla” com ela, não ignorá-la. Se você nesse assunto quer sair correndo, enterrar sua cabeça, não foi  lhe dado permissão, você não pode, não consegue fazer isso. O jeito é encarar, talvez com ajuda profissional; Com sabedoria e técnica podemos alcançar alguns objetivos. Se você foi “premiado” com alguma deficiência ou doença, você está convidado a unir-se a esta reflexão. Você tem que estar em paz com sua condição. Afinal você vai conviver com ela. Ela vai acordar com a cara não lavada ao seu lado . Está com você , não  deixa você se esquecer. Mas quer saber, um abraço para ela. A vida tem suas estórias e sua beleza. Há maravilhas, as quais estão conosco também. Ficam aderidas ao nosso eu, mas estão adormecidas, cabe a nós desperta-las. A briga é com você e seu eu. Kkkkk O importante é a paz e a luta   “Não podemos ler o significado da vida passivamente(…)Temos de construir essas respostas, a partir de nossa sabedoria.” Stephen Jay Gould paleontólogo (1941-2002)  

Espera

Espera-se que eu escreva no começo do ano, sobre planos, metas- planejamento.  Claro, vou escrever um pouco sobre isso, mas de outra forma. Sinta que é um período para pensar, mas não se desespere : Roma não foi criada em um dia. As coisas não magicamente se resolverem, porque é sua vontade. Se você tem metas estratosféricas, desça para a Terra. Se você está desanimado, recarregue sua energia. Apenas, tenha um objetivo. Arranje estratégias para alcança-lo. Mas não “esquente a cabeça” É somente mais  um ano que se vai Fazemos esse exercício, porque por convenção humana é época de reavaliação, de repensar o que fizemos e o que deixamos de fazer; O que queremos fazer, pelo que lutar. É uma época de escolha; sim, porque é um sinal de maturidade saber em quais lutas vão-se empregar esforços emocionais, físicos, mentais. Estou paralisada, perplexa, talvez vocês também, acho que “pego no tranco”. Nós todos deixamos 2019, e amanhecemos em 2020. O que eu quero, já que é imperativo querer, um ano uno cheio de lutas, mas cheio de escolhas, um ano de paz; um ano mais produtivo sem cansar; um ano de conquistas, mas de respeito; um ano de tolerância. Eu só imagino isso. Eu só queria  isso ,  você concorda comigo? “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre” Receita do Ano Novo-Carlos DRUMMOND de Andrade.

O meu Natal. O seu Natal, O nosso Natal

Natal é uma época de alegria, mas vem se tornado cada vez mais uma época de exagero. Exagero de consumismo material, mercadológico, não exagero de amor, paz e esperança. Que situação triste! Quando eu era criança, aguardava ansiosamente essa época. Tudo era para o Natal, aguardava Papai Noel, mesmo sabendo que o bom velhinho era meus país e avós. Tinha esperança. Quando sabia que a família se reuniria, tinha aconchego e paz. Quando sabia que teria uma mesa para colocar, mesas a juntar, sabia que havia deliciosas. Iguarias e coisas que só tínhamos no Natal, refrigerantes, nozes, tâmaras , castanhas etc.;  havia fartura Quando escreviam  cartões, com letra caprichada e os mais sinceros desejos; havia amizade Quando me vestia com roupas novas, embora incômodas, eu tinha a segurança econômica de meus país e eu nem fazia conta. Quando havia uma casa para limpar, que eu não gostava  muito e um lar para enfeitar eu tinha conforto. Quando eu reclamava que chovia, eu tinha alguma certeza que passaria. Eu digo eu tinha, ainda tenho, ainda bem. Mas o sabor está diferente! Quando acumulamos experiência, o sabor do Natal muda. O eixo não é só você, mas o outro também. Quando eu tinha tudo isso, as pessoas tinham isso também? O Natal é uma revolução: para os cristãos é o próprio Deus que se fez humano, e então podemos entender ou traduzir por um amor tão grande, que se fez descer da posição de Deus para condição de ser humano. A revolução somos nós também quando descermos do nosso “mundinho” para condição humana, para o irmão, seja parecido ou diferente. Ter um Natal com sabor diferente A revolução dentro de si; revolução de criança, de Natal Feliz Natal amigos (a). “Que tal a verdadeira revolução pouco tivesse a ver com uma revanche, mas consistisse em cada um descobrir nele mesmo às condições de realizar quem ele é? Neste caso, de fato a desigualdade se torna apenas uma forma possível de diferença.” Contardo Calligaris . Um fim possível do ressentimento. Folha de São Paulo

A inclusão e “o tamo junto”

Vi uma reportagem na televisão, que me chamou  a atenção; uma palavra talvez; era sobre a inclusão. Peço perdão aos caros leitores, ” por bater tanto nessa tecla” Um comentário com certeza, a inclusão é uma construção, uma elaboração entre pessoas excluídas e as “incluídas”., é um processo que nunca se acaba, nunca se fecha em si mesmo. A reportagem era sobre roupas inclusivas e as oportunidades que surgem no mercado com essa nova fatia de consumidores. Pois é , inclusão também é um aspecto mercadológico. Quando entramos numa loja dita inclusiva e não conseguimos andar entre as araras, o provador não tem espaço para cadeira de rodas, nem para o andador, que decepção. Mas aí você fica quieto, quando sai dela, reclamando para seus parentes, mas não conversando com o gerente sobre sua dificuldade e dando sugestões. Você é culpado pela situação também, você será excluído, porque nem se esforçou no pequeno gesto de informar suas dificuldades. As pessoas”normais” precisam saber as dificuldades, mas nem todas são empáticas a todos e o tempo todo. Por isso, amigos (as) nós quebradinhos ou não, somos condenados pelo imobilismo. Não o imobilismo físico ao qual estamos, um pouco “presos ao não andar , porque vivemos caindo” (pelo menos eu). O imobilismo de nossas ideias, de nossa ação concreta. Falta coragem? Somos pro-ativos nessas situações? Não custa nada dar uma “forcinha à memória ” das pessoas de que  os diferentes, tem necessidades diferentes. Eu, você, nós todos somos convidados a pensar nas diferenças. Se pudermos contribuir para  o bem estar das pessoas, por que agir ao contrário? O coletivo é importante também, “estamos  todos juntos nesse barco”. Você já meditou sobre isso?

Tudo é uma questão de bom senso e o shortinho

Amigos (as): Eu poderia escrever bonitas dissertações (digo bonitas, não boas, porque aí só dependo do padrão estético para me julgar).Muitos textos, palavras sobre o que eu penso ou sobre o que outras pessoas pensam. Talvez o shortinho bem curto da menina  tenha me  induzido a fazer essa observação. Talvez  estivesse inadequado a um ambiente hospitalar? Pode ser. Meu puritanismo resolveu dar as caras e implicar com o shortinho, e me fez refletir nesse nosso espaço para reflexão. Não se importem com minha implicância com o shortinho, porque já passou, nem conheço a menina, nem suas razões, e além do que quem paga as contas da menina pode ser ela mesmo; ela não deve satisfação a ninguém, só a ela própria. Considerando isso tudo, fiquei com vontade de escrever sobre o bom senso. Tudo tem uma medida mediana, que é boa para todos ou ruim para todos os lados. Não é um apelo conciliatório, mas uma busca para nossa angústia polarizadora. “Bom senso existe e é o que devemos e queremos esperar de nossos iguais” Como diria um ditado “nem oito, nem oitenta”;  mas, também não é o meio que buscamos; e sim  em determinada situação :- pensar  a melhor proposta . Seja qual for a situação, há um determinado comportamento que mostra sanidade e sensatez. Exemplo: eu sou bióloga,  meus amigos são de todas posições ideológicas em relação  ao  meio ambiente. Se eu não quiser provocar a terceira guerra mundial, nem recolher mortos ou feridos- terei o bom senso de convidar um amigo de cada vez;  mas não necessariamente, dependendo do meu objetivo  e se eu quiser promover um debate saudável, onde o importante é o diferente. Apenas para dizer que usar o bom senso, depende também dos objetivos. O caso do shortinho, o bom senso diria é adequado ao ambiente? Depende do objetivo da menin: se é só procurar tratamento para doença, se ela se sente mais arejada ou  se quer provocar olhares ou ainda nenhuma das alternativas. O que seu bom senso diz? O que você quer? Qual seu objetivo?  Meu bom senso comum é parar de escrever agora e deixar você pensando. Parafraseando George Orwell , João Pereira Coutinho em sua coluna fala : “todas as vítimas são iguais, mas algumas são mais iguais que as outras.”   – Eu não sabia que a dor de um pai tinha intensidade. Folha de São Paulo -24/09/19

A resiliência da luz

Amigos (as) leitores (as):   Conforme me foi dada a liberdade de escrever, apresento um estilo de escrita um pouco diferente. Peço que me perdoem as divagações e procurem mergulhar na minha visão. Um raio de sol, percorrendo uma árvore, avistada, à espera de uma terapia no Hospital das Clinicas, de dentro da sala, através de uma janela.   A resiliência da luz   Ela reflete a imagem divertida no lago e, antes de tudo consegue perfurar a fofura das nuvens, alcançar o chão de forma vertiginosa ou em trajetória retilínea. Eu a sinto, penetrando  nos meandros escondidos de palavras; E o céu resplandece sua cor, graças a ela Luz imperfeita alimenta a base da vida, os fitoplânctons errantes do mar de cores A luz que alimenta a minha visão, os olhos sofridos de quem não enxerga, parecem entregar a mensagem dos anjos. A luz, que incendiou o amor entre as criaturas, no meu espaço pequeno de espectadora , entre quatro paredes é uma janela vítrea transparente e viceja na árvore amiga  e tortuosa, mostrando sua luminosidade. Fugindo de suas sombras, resiliente e resistente aos seus desejos. A luz, que consegue esgueirar-se pelos silêncios do meu pensamento. Apenas consigo pensar na luz triunfante da nossa estória. Como  são poéticos os raios luminosos.

Rir ou enlouquecer

Caro(a) leitor(a ) A probabilidade de escrever bobagens  é grande, mas procuro com alguma força e esforço, não cometer esses deslizes. Rir das situações engraçadas é fácil , necessário, fisiológico; mas quero falar de rir de nossas dificuldades, de situações de aperto, de desespero. Não me refiro a “marcar bobeira” . Digo, a partir de uma reflexão séria e corajosa  rir do adverso. É uma solução para o trágico- dramático. É a resposta ao destino, se existisse; ao conjunto de ações e responsabilidades que assumimos. Rir da própria situação é  solução para o bem ou para o mal. Podemos escolher também chorar, mas convido você leitor à ironia . Ria , massageie seus músculos faciais e abdominais, você se sentirá melhor. Ironia, em relação à  vida, em certa dose é boa. Temos de rir de nossas dificuldades, os quebradinhos , nós temos que aprender a fazer isso. É a rampa que desce para a rua  e que não sobe para outra, é o poste o buraco, a escada, o sabonete do banho no chão, o talher inalcançável na mesa. Enfim, é o pau , a pedra , mas não são as águas de março Temos que rir  da briga entre amigos, da discórdia  e do nosso próprio choro. Importante não é só rir: é lutar, arranjar estratégias para sair ou melhorar a situação. E daquilo que não podemos mudar, resta o exercício de rir da vida.   “É a vida:cada cultura tem os seus dramas para expiar..  As circunstâncias podem ser inomináveis, mas há sempre um raio de luz que se intromete entre a loucura, o ódio e o sofrimento.” O poder libertador das piadas -rimos ou enlouquecemos. Freud citado por João Pereira Coutinho. Rir ou enlouquecer. Folha de São Paulo 12/03/19