Tchoukball, o que é Tchoukball? PARTE I – Blog do Chico

Novo colégio, novos colegas. Um ano diferente em minha vida. Eu estava com 13 anos e fui estudar em um colégio chamado Tuiuti, no bairro das mercês em Curitiba.  Logo na entrada da sala de aula, me deparei com  alunos mais velhos do que eu, acho que da minha idade só tinha o Renato. Eram pessoas que haviam repetido  uma ou duas vezes e muitos já estavam um pouco desanimados, dava para ver nos seus olhos. A sala tinha no máximo uns 20 alunos. Tínhamos aulas incríveis, eram professores da universidade que nos davam as aulas, ou seja, liberdade de expressão e aprendizado. A sala era um tanto silenciosa, olhares perdidos pelas enormes janelas das salas, sempre davam uma visão a algum lugar muito bonito, era cercado de grandes gramados, tudo muito verde. E aos poucos fui me aproximando daqueles novos colegas, quietos em seus mundos e com o tempo aprendi o porquê daquelas reações.

Minha irmã Giovanna que tinha 5 anos estudava comigo nesse colégio, então no caminho de mãos dadas íamos para as nossas salas eu  a deixava em  sua e o engraçado é que com ela que me aproximei de algumas pessoas. Lembro-me  da Márcia, da Andressa e da Luciana, elas eram mais velhas uns 2 anos do que eu e gostavam muito dela, quando percebi já estávamos conversando, algumas me explicavam o porque de repetir de ano, os problemas pessoais, pais separados, problemas de relacionamento, rebeldias. No Tuiuti havia duas olimpíadas, uma de estudos e outra de esportes. Um dia em uma aula de história vi a aflição de um amigo, o Marcelo. Ele já tinha 17 anos, era muito forte e um excelente atleta. Recebemos naquela semana uma agenda de jogos internos. Marcelo estava com dificuldades nas aulas e não queria repetir de novo, então fiz uma proposta: – você monta nosso time para as olimpíadas e eu ajudo nos estudos, pois tínhamos excelentes alunos só faltava aquela energia positiva.

E assim, foi, nossa sala era a 7ª A e ficávamos revezando na liderança com  os anos mais velhos, ninguém acreditava. Nos jogos o nosso time foi tão bem montado que levamos as medalhas de primeiro lugar de vôlei e basquete, todos juntos, até que veio um jogo daqueles. Final do Handebol contra a temida turma do ensino médio. No futebol tínhamos ficado em terceiro. Começamos o jogo e no primeiro tempo estávamos perdendo. No intervalo e com um olhar de cumplicidade vimos que poderíamos ganhar. Fui para o gol, depois de uma bolada na minha cabeça e com algumas jogadas ensaiadas pelo Marcelo  viramos o jogo, ele puxou a responsabilidade para ele e fomos campeões com um gol dele no final. A sala inteira invadiu a quadra, comemorando. Agora faltava ganharmos o título de melhor sala nos estudos. Todos se superaram, principalmente as meninas, nas batalhas de português, matemática, artes e outras matérias, somando ponto a ponto e veio à etapa que eu mais gostava: poesia. E olha que eu caprichei, mas quis o destino que minha professora de português ficasse em dúvida  se eu tinha copiado algum trecho de alguma obra, me dando uma nota baixa, lembro até hoje ter colocado a estrofe: – como um violino tangente senti um amor intenso que vibrou em minha mente . Fiquei decepcionado, foi então que a sala se reuniu e me defendeu com unhas e dentes,  dizendo vimos ele fazer. Mas como tínhamos muitos pontos na frente, fomos campeões pelo conjunto todo, era isso que me importava. Todos se abraçaram e alguns choraram.  Que ano , aquele de 1981.

Uma das maiores dificuldades que tive depois do diagnóstico de EM, foi participar de atividades coletivas. Ficamos em dúvida de nossa capacidade com relação a Sociedade, como será daqui para frente, como as pessoas irão enxergar nossas limitações, eu tive muitas decepções, profissionais, pessoais e no esporte também. Parece que você vai ser um estorvo ou um problema gradativo. E eu em muitas situações me senti assim, até que disse: – basta. Sou melhor do que antes, pois sei conviver com isso.

Então há quase dois anos atrás eu estava treinando no Espaço Funcional da Mônica Pimenta com uma amiga e parceira de treino, professora de Educação Física, a Cristina Rey  me perguntou, Chico vamos jogar Tchoukball? E eu perguntei, o que e Tchoukball?

CONTINUA….