Conhecendo o paciente de EM: aspectos psicológicos

No dia 20/05, a psicóloga Ana Maria Canzonieri ministrou uma palestra na ABEM sobre os aspectos psicológicos dos pacientes com Esclerose Múltipla da associação. Na ocasião, foram divulgados os resultados obtidos a partir de uma pesquisa feita no ano passado na ABEM, indicando qual é o perfil emocional desses pacientes, por intermédio dos resultados dos testes psicológicos aplicados.

Antes do levantamento da ABEM ser apresentado, foi divulgado algumas informações do mais recente mapeamento sobre Esclerose Múltipla, mundial, realizado pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla. Essas informações podem ser encontradas no Atlas da Esclerose Múltipla 2013, lançado no Brasil pela ABEM em parceria com o laboratório Novartis. 

Entre os aspectos avaliados estão:

Qualidade de vida: saúde física e mental

Foram avaliados 339 pacientes pela escala de qualidade de vida, específica para esclerose múltipla, MSQOL -54 que de avalia a percepção da saúde física (SF) e mental (SM) por parte do paciente, demonstrando que a grande maioria ficou abaixo da média, representado pelo 50, indicando estar bem longe do ideal, que seria a pontuação próxima de 100, principalmente, no quesito saúde mental. Veja no gráfico:

PSICO

 

 Características de Personalidade

Os traços de personalidade foram avaliados pelos testes psicológicos Pirâmide Colorida de Pfister e BFP, baterial fatorial de personalidade.

Os dados significativos são as características de rigidez e perfeccionismo que os pacientes impõem em si mesmos. irritabilidade, dificuldades emocionais, ansiedade, repressão, baixa tolerância à frustração, baixa produtividade e retraimento defensivo.

 De acordo com a Psicóloga Ana Maria Canzioneri, esses aspectos são prejudiciais, pois “quanto maior a rigidez, sem se permitir uma flexibilidade consigo mesmo, mais se castiga o corpo, piorando o estado emocional e, consequentemente, a Esclerose Múltipla”.

Conforme mostra o gráfico abaixo, os pacientes de Esclerose Múltipla apresentam uma alta capacidade na recepção de estímulos, o que consideramos amplitude de estímulos elevada, o que significa uma facilidade desse paciente em receber muita estimulação, muita informação e isto pode deixa-lo emocionalmente abalado, se não souber lidar com tudo isto.

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Amplitude de estímulos: 1 – ampla  2 – moderada   3 – restrita

 

Para a psicóloga Ana Maria, foram identificados como prevalentes os casos de pacientes com traçados depressivos, por isso o paciente deve ser avaliado também pela psiquiatria para saber se é uma depressão anterior a Esclerose Múltipla, predisposição genética ou realmente em função da doença (EM). Para isso, é fundamental que o paciente tenha acompanhamento psiquiátrico e psicológico.

Alterações Cognitivas

Dos 290 pacientes avaliados, 193 apresentaram alterações cognitivas, a rápida constatação auxilia no tratamento do paciente e na mudança de comportamento do mesmo. Caso necessário, atividades para a melhora cognitiva, como exercícios de memória, podem minimizar, prevenir ou corrigir possíveis falhas na área cognitiva.

Em 81 pacientes, com testes específicos de atenção, detectou-se que a maioria ficou abaixo da média, apresentando problemas cognitivos de atenção. Veja no gráfico:

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     1 – abaixo da média     2 – média   3- acima da média

 

 Espiritualidade

Como parte de uma atividade chamada Terapia da Alma, foi feita a avaliação sobre a percepção da espiritualidade. Confira o resultado:

1 – Crenças espirituais dão sentido a minha vida?

Maioria das resposta: plenamente de acordo.

2 – Fé e crença dão força nos momentos difíceis?

Maioria das respostas: plenamente de acordo.

3 – Vejo o futuro com esperança?

Maioria das respostas: plenamente de acordo.

4 – Sinto que minha vida mudou para melhor?

Maioria das respostas: concordo bastante e concordo um pouco.

5 – Aprendi a dar valor para as pequenas coisas?

Maioria das respostas: plenamente de acordo.

Segundo Ana Maria, a maioria das respostas positivas para esses questionamentos é muito importante, pois “funcionam como um auxílio no desenvolvimento emocional e psíquico dos pacientes. Pois estando melhor emocionalmente, o corpo também melhora e vice- versa”.